Uma Macaca na Cidade (28)
Tottigol
No domingo passado, aos 40 anos de idade, Francesco Totti, o eterno capitão da equipa de futebol italiana AS Roma, despediu-se dos relvados.
Dei por mim a chorar com Totti, a mulher, os três filhos e as mais de 50 mil pessoas que estavam naquele estádio.
Não só por ser um futebolista da minha geração, que marcou efetivamente uma geração – e um daqueles que é verdadeiramente como o vinho do Porto, tal como o Luís Figo, o David Beckam ou o Fabio Canavarro (suspiros!) –, mas também por ser italianos, já que sempre tive um especial carinho pela squadra azzurra, e o paradigma do romano (feio, porco e mau, mas em bom! – isto é um conceito um bocado incongruente, mas não sei explicar melhor…). Mas, muito especialmente, por encarnar aquele que é o verdadeiro espírito do “amor à camisola” tão raro no futebol e no mundo em geral, nos dias de hoje.
A carta de despedida, escrita pelo jogador, traduzida e publicada na íntegra pelo jornal Público AQUI é escrita com o coração, de peito aberto. Destaco esta parte:
“Desculpem por não dar entrevistas para esclarecer os meus pensamentos, mas não é fácil apagar a luz. Tenho medo. E não é o mesmo medo que se sente quando se está prestes a bater um penálti. Desta vez, não posso ver o que está à minha frente como via pelos buracos da rede. Permitam-me que tenha medo”.
Que bonito e corajoso este assumir do medo… De Homem, mesmo! Ter medo é muito humano. Ser corajoso não é não ter medo, mas sim usar esse medo para crescer.
Totti dá-nos a todos uma lição muito grande de HUMILDADE e de LEALDADE, valores tão escassos nos dias que correm. Talvez por isso esta despedida mexa especialmente connosco.
São quase 30 anos dedicado ao mesmo clube, caramba! Parafraseando o jogador: “Maldito tempo!”, que passa tão célere…
“Estou orgulhoso e feliz de ter dado ao Roma 28 anos de amor. Amo-vos”, diz ele.
Nós também te amamos Totti!