Taxistas Uber-Revoltados
Sou alfacinha de gema, mãe de dois, jornalista, bloguer (Macaquinhas no sótão). Gosto de escrever e de tudo o que tem a ver com livros/literatura e com gastronomia. Com esta nova rubrica vou imprimir alguma urbanidade ao blogue da querida Cátia, a rapariga da aldeia com mais pinta que conheço!
Não haveria melhor forma de dar início a esta rubrica urbana do que com uma cena típica de grandes cidades: uma manifestação!
E logo uma marcha lenta/concentração de motoristas de táxi (querem coisa mais digna de uma grande capital?). A bem dizer, “digna” não é de todo o melhor adjetivo neste contexto…
Ora bem, desde já aqui deixo a minha declaração de interesses: escrevo esta crónica como utente assídua de carros de praça lisboeta e pessoa-virgem na utilização de empresas como a Uber e a Cabify (embora neste momento esteja a escrever esta crónica com uma mão e a instalar a app da Uber no meu smartphone com a outra). Essencial para este relato é, ainda, o facto de – pouca sorte a minha – viver a uns 15 minutos (a pé!) do aeroporto (neste momento já consigo sentir a vossa pena e solidariedade!).
Como devem calcular, enquanto cliente-frequente de táxis em Lisboa, já “apanhei” de tudo um pouco, mas deixo-vos aqui uma coletânea daquilo que vos pode acontecer ao sentarem-se no banco de trás de um “preto-e-verde” (Sim, para mim os táxis são preto e verdes! Que querem? Sou uma moça antiga!):
- o “acelera”: apertem os cintos e rezem a todos os santinhos para chegarem inteiros ao vosso destino (um saquinho de enjoo também não é mal pensado… pode vir a fazer falta). São 6h da manhã, não há trânsito, e por isso também não há sinais de trânsito para respeitar, pensa o “acelera”. Mesmo que já tenhas explicado que acordaste com tempo, há um comboio ou um avião para apanhar (ou então não…) e por isso vamos lá por prego a fundo;
- o “revoltado”: com os políticos, com o país, com o mundo e as pessoas em geral. Roda o pescoço (com as veias salientes) para trás amiúde, enquanto vocifera e pragueja contra tudo e contra todos. Podes por phones ou aproveitar para fazer aquela chamada longa para a mãe. Mas, aconselho, vai fazendo uns “hum… hum…” de vez em quando porque este tipo é extremamente carente de validação positiva.
- o “taxista do aeroporto”: sim, este é por si só uma categoria à parte. Falo dos das Chegadas, mas volta e meia, nas Partidas, também pululam uns exemplares semelhantes. Como moradora perto do aeroporto, tenho por costume ir apanhar táxi às Partidas, mas já foi um conselho mais útil… O melhor mesmo, é ir de metro… Nem que seja até uma estação onde possam apanhar outro táxi ou transporte. Este espécime pode tornar-se muito mal-educado e agressivo.
- o “pinguças”: são 7h da manhã e o táxi já tem todo um odor a vinho tinto, normalmente misturado com alho (nunca percebi bem esta associação, mas é frequente). Pode esquecer-se de ligar o parquímetro, por isso: Atenção! É que no final da corrida são vocês que vão “pagar as favas” pelo esquecimento, acreditem! (um saquinho de enjoo também não é mal pensado… pode vir a fazer falta).
- o “velhinho-que-já-morreu-mas-ninguém-o-avisou”: fujam deste tipo, a sério, sobretudo se estiverem com pressa. É confrangedor (o que vale é que é cada vez mais raro!)! O velocímetro nunca passa dos 40 km/hora e o cheiro a naftalina é atroz (um saquinho de enjoo também não é mal pensado… pode vir a fazer falta).
Podia estar nisto a manhã toda: o “(ex-)toxicodependente”, o “psicopata”, o “psicólogo”, o “filósofo”, o “taxista por vocação desde pequenino”, o “engatatão”… Já vi de tudo, como vos digo!
De salientar que os tipos de taxista acima descritos não passam disso mesmo: tipos! estereótipos! Não caraterizam a totalidade da classe diga-se, embora abranjam a grande maioria dos profissionais, infelizmente. A meu ver, o problema começa na representação da classe… E para isso, basta atentar nas mais recentes declarações do líder da ANTRAL: uber-desnecessárias (to say the least!).
No que à manifestação de hoje diz respeito, só posso concluir que é a melhor publicidade que as empresas “Uber-like” poderiam ter. Ainda que os taxistas tivessem toda a razão do mundo, perdem-na no momento em que incitam a (e praticam!) atos de violência. Já nem vou falar do transtorno que foi chegar ao trabalho hoje. Metro à pinha, paragens de autocarro cheias de gente à espera há horas, trânsito caótico…
Cheira-me que hoje o dia na cidade não acaba sem mortos nem feridos… O que é uber-má-onda, deixem-me que vos diga!
Escrito por Uma Macaca na Cidade