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A Rapariga na Aldeia

A Rapariga na Aldeia

Somos Todos Grãos de Areia

Completa(MENTE) escrito por Sónia Vaz

 

Terminaram as férias e estamos todos de esperanças renovadas para este ano letivo que agora se inicia. E se enquanto professora tenho os meus planos e ideias, enquanto mãe, tenho também algumas angústias que se prendem com o facto de a minha filha ingressar agora no 1º Ciclo.

Mas antes disso, vou voltar a agosto. Ao dia em que ela me perguntou porque é que a praia tem de ter areia. Resposta simples. Para termos onde estender a toalha. Não lhe bastou. Está bem, mas porquê? 

roter-sand-2042738_960_720.jpg(Créditos: Pixabay

 

Porque o mar e o vento batem nas rochas e as vão desfazendo em pedacinhos que por sua vez vão batendo uns nos outros e se tornam mais pequeninos. É isto que é a areia. Restos de rocha. E também de conchas. Ah. Entendeu. E depois? Depois de quê? Depois de ser areia? Bem, depois de ser areia, volta a ser rocha. Outra vez? Sim, às vezes os grãos voltam a colar e formam uma rocha que se chama arenito. Continua a não gostar da areia na praia, mas entendeu e entendeu porque se encontrava no contexto. E porque são estas as melhores lições.

 

É isto que eu desejo e planeio e quero promover este ano. Aproveitar as oportunidades para ensinar as coisas que as crianças querem realmente aprender. 

E a partir disso, de uma forma natural, passar para aquilo que também tem que ser ensinado e está na planificação. Sou muito melhor professora quando o faço. Os meus alunos aprendem mais e mais facilmente nesses momentos. Porque não lhes é imposto. Porque há uma maior conexão. Porque há lugar para eles, para o que querem saber e não apenas um professor a falar. A ‘despachar’ matéria para pôr no teste. Mantém-se também mais atentos e logo, diminuem os problemas de comportamento.

 

Então porque é que não fazemos isto todos os dias? Porque temos matéria para dar. Porquê? Pergunto eu? O ponto de partida não deveria ser esse. Todo o saber deveria ter como ponto de partida, o aluno. E como ponto de chegada, o aluno também. É nos nossos alunos, nas suas curiosidades e interesses que nos devemos focar. O resto deveria vir por acréscimo. Quando nos focamos neles damos-lhes asas e permitimos que em lugar de apenas escutar, criem o seu conhecimento, usem a imaginação. Temos de parar de formar autómatos com a resposta na ponta da língua e ter, cada vez mais, a preocupação de lhes proporcionar oportunidades para se desenvolverem como um todo na escola. A escola não são só letras e números. Os bons alunos não são apenas aqueles que fazem a compreensão de um texto e têm boas estratégias de cálculo. O melhor aluno é o que quer aprender. É o que nunca está satisfeito. É aquele para quem a escola não chega. Temos por isso de tornar a escola mais completa, mais abrangente, mais inclusiva.

 

Somos todos grãos de areia. Sim. Andamos todos a chocar uns nos outros consoante as vontades dos ventos e marés. Mas neste novo ano desejo que nos juntemos de novo. Pais, alunos e professores. Numa escola una. Arenito. Sejamos consolidados e indiferentes à correria que desagrega. Sejamos únicos e um só.

 

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Sónia Vaz

Professora de Inglês - 1º ciclo

 

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