Pedrógão aqui tão perto
Enquanto fazia as minhas compras no mini mercado aqui da aldeia, os meus filhos brincavam no parque infantil e, ao mesmo tempo que baloiçavam, conversavam com uma outra criança de idade próxima das deles. As crianças têm esta grande capacidade de meter conversa com alguém que conhecem há dez segundos! Até aqui tudo absolutamente normal.
Quando lhes acenei para irmos embora, despediram-se do menino e correram na minha direção ansiosos por me contar o que acabaram de saber:
"conto eu..."
"não, eu é que sei a história ..."
"mãe, nem vais acreditar ..."
"o menino que estava connosco no parque é de Pedrógão Grande ..."
"ele disse que a casa dele não ardeu, só o pátio onde costumava brincar..."
(...)
Sei que a história daquele menino mexeu com os meus filhos, porque uma coisa é ter acesso ao que aconteceu em Pedrógão Grande através da televisão, outra coisa é ter alguém, ali, lado a lado, da mesma idade, a descrever o que viu em seu redor naqueles dias e como ficaram alguns dos seus bens! Disseram-me que confortaram o menino. E eu acredito! Acredito também que este encontro inesperado no parque infantil de Negrais, supostamente tão longe de Pedrógão, levou-os a refletir sobre a vulnerabilidade a que todos estamos sujeitos e a pensar "e se fosse connosco?"
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