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A Rapariga na Aldeia

A Rapariga na Aldeia

Estranho Modo de Vida - 24º Dia

Seguimos à risca as recomendações do Governo Rodrigo Guedes de Carvalho e, por isso, estamos fartos de estar em casa. Saímos porque precisamos e não porque queremos. Não temos sintomas da maldita doença, muito embora se grite "COVID" a cada vez que se espirra nesta casa! Olhamos uns para os outros com ar intrigado. Pensamos forçosamente no pior! Os níveis de tolerância diminuíram drasticamente nesta última semana. Já fomos mais simpáticos e cordiais uns para os outros. Já falámos mais baixo. Naturalmente, o tom de voz subiu. De todos. Com a grande exceção para as tartarugas que escolheram esta altura do ano para "acordar". Mal sabem elas do bicho assassino que anda neste mundo. Descobrimos recentemente que a pré-adolescência e o fazer pouco dá fome, muita fome. Do continente online só volto a ter notícias lá para o fim de Abril, o que não é bom tendo em conta essa tal fome devoradora que tomou conta dos miúdos. Neste fase, pouco ou nada se reclama do "outra vez arroz". Azar de quem está enjoado de arroz. Come melhor na refeição seguinte que isto é uma roda viva de refeições. A toalha de mesa colou-se à mesa e tudo leva a crer que vai ficar por tempo indeterminado. Convenceram-me a fazer um doce. Sujámos vinte acessórios. Detesto. Mas comi o doce, sem mágoas! Não têm chovido mails com trabalhos de casa para os estudantes da casa porque agora sim, estes dias são de férias da Páscoa. Ufa, que alívio! Posso dedicar-me só ao meu trabalho. O Fortnite não perde protagonismo nem mesmo perante uma pandemia. Os mais novos discutem por tudo e por nada e na maior parte das vezes tem a ver com o jogo, ou com a internet que resolve parar, ou somente porque estão fechados em casa sem conviver com miúdos da idade deles! Os cães devem estar a gostar da agitação e de ter sempre companhia. Contudo, se falassem, creio que nesta fase pediriam mais sossego! Aproxima-se o fim-de-semana. Vai ser mais do mesmo. Telejornais monotemáticos. Números que duplicam. Reportagens aflitivas da SkyNews em Itália. O drama em Espanha. O sistema de saúde para ricos nos Estados Unidos. Tudo em mau. Em angústia e desconsolo. Por cá renova-se o Estado de Emergência. Mais quinze dias sem planear nada neste estranho modo de vida. Não há como fugir a este triste confinamento. É pedir aos santinhos para que o juízo se mantenha à tona e não seja açambarcado pelo medo. Mas pedir muito. Com firmeza. 

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Valha-nos a vida no campo, hoje e sempre.