Quem? Eu?
Naqueles dias em que as pequenas criaturas estão de mal com a vida, em que nada tende a correr-lhes bem e em que julgam que o mundo se uniu para as tramar, esbarram na primeira pessoa que lhes aparece à frente quando chegam a casa.... eu!
Eu, que por vezes estou tão mal ou pior do que eles, recebo-os com a amabilidade que me é exigida e um minuto depois começo a perceber a impaciência que lhes vai na alma. Nesta fase ainda não consigo ter ideia da dimensão dos seus problemas...mais dois minutos e faz-se luz.
A filha pequena começa a revirar os olhos como sinal de descontentamento. Se faço uma entrada digna de um cartão vermelho, segue em passo apressado para o quarto. Fecha a porta e finge que lê.
O mais novo arrasta o corpo devagar em direcção ao que não lhe apetece fazer. Pelo caminho solta umas frases imperceptíveis.
Dou-lhes um tempo, penso eu. O tempo resolve tudo. Daqui a nada estão a contar-me o motivo das suas arrelias.
E deixo-os estar a marinar naquele ambiente hostil, criado por eles!
Quando percebo que já passou esse tempo. Observo-os. Brincam juntos no mesmo quarto. Que bom, esqueceram os contratempos.
Afinal não estavam zangados um com o outro. Nem comigo.
Estavam só fartos disto tudo....
Vou ter com eles e fujo ao motivo das birras para não falar em assuntos fracturantes. Deduzo que já tenham esquecido.
Queridos vão tomar banho, ok?
Respondem em coro: Estás a ser injusta..
Quem? Eu? Injusta? Porquê? Como? Onde? Quando?
Desconfio que aquele adjectivo era para quem lhes pôs os nervos em franja.
Não era para mim.
Assim sendo e como não estava mais ninguém em casa, levei eu com as balas.
Nem consegui desviar-me!